Depois de outras colaborações em equipa, as duas autoras começaram a alimentar entre si (talvez pela sua excessiva convivência) uma suspeita de monstruosidade.
De igual modo desconfiadas pela apatia que as rodeia, alimentada principalmente por uma generalizada necessidade de segurança, elas só podem acreditar que algures se esconde algo a temer ou esta necessidade de segurança seria ela própria uma aberração - A existência vagamente humana numa vida sem alma, um trajecto por esse limbo que não é vida e também não é morte.
Neste espaço entre a crença e a razão, movidas pelo medo ou pelo tédio, o facto é que se impõe o passo para o desconhecido, o salto no abismo. Como resposta a estes sinais, as autoras decidem assim criar, em vez de um projecto, um presságio e, em vez de um espectáculo, uma atracção de feira, acreditando que chamar as coisas pelos nomes pode vir eventualmente a quebrar este encantamento.
CONCEPÇÃO|TEXTO|INTERPRETAÇÃO Andresa Soares e Lígia Soares
MÚSICA João Lucas
FIGURINO ANDRESA João Paulo Assunção
FIGURINO LÍGIA Sara de la Féria
ESPAÇO CÉNICO Sara de la Féria
PRODUÇÃO Máquina Agradável
“A fronteira para além da qual se desintegra a nossa identidade humana está traçada dentro de nós e não sabemos onde”. José Gil in Monstros