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Concepção|Interpretação: Lígia Soares Colaboradores: Andresa Soares, Eduard Gabia, Emilian Gatsov, Guilherme Garrido e João Nicolau; Produção: Máquina Agradável

Residências: O Espaço do Tempo, Centre National de La Danse (Paris)

Se eu quisesse fazer uma peça começava por enunciar que ia fazer uma peça, depois anunciava-me a mim como autora dessa peça. Não lhe dava logo nome e fazia-a de uma só vez sem pensar. Porque pensar atrasa a compreensão das coisas profundas. A profundidade é silenciosa, ou por vezes há música, mas principalmente silenciosa. Desgostosa porque não está ao de cima, como as outras coisas que vemos ao de cima. Não, a profundidade está sempre por baixo, atrás, sem tona. E também não se vê. Não sai, não se integra.

Por isso se quisesse eventualmente fazer uma peça profunda, não a mostrava, ou mesmo não a faria. Já que as peças para serem feitas têm de vir ao de cima, parar-nos às mãos. Ah...e serem vistas, têm de ser vistas, e quanto mais vistas mais vistas são. E quanto mais vistosas mas vistas serão. E quanto mais gostosas mais comidas então. Uma peça até pode ser profunda se for gostosa e logo depois comida. Senão estraga-se.

 

E o espectáculo? O espectáculo deve ser difícil à partida, mas só como um choque inicial, que acorde os músculos, que acorde a sensibilidade, que desperte a atenção, o olhar, que acorde o pensamento...

 

E depois?

Depois: A aproximação do belo homem à bela mulher ao som da Internacional

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